quarta-feira, 25 de março de 2015

América do Norte e do Sul



História da América do Sul

Mapa da América do Sul, de 1892.
A História da América do Sul é marcada por uma tendência de ascensão e declínio de impérios e dominações estrangeiras, desde a derrocada dos Incas, colonização e as guerras de independência, até mais recentemente, por sucessivas ondas de ditaduras e redemocratização. Apesar disso, embora muitas vezes se tratem os países do continente como bastante similares e politicamente ligados, estes processos políticos não ocorreram de forma homogênea em todos os países — dos quais são exceções notáveis, ao longo dos séculos, o Brasil e as Guianas.

Pré-HistóriaEditar
A América do Sul foi provavelmente o último continente do planeta a ser habitado por humanos, à exceção da Antártida. Segundo a teoria paleontológica mais consolidada, os primeiros habitantes do continente teriam chegado por terra, vindos da América do Norte e, antes disso, da Ásia por meio de uma ponte de gelo existente entre os dois continentes na última Era Glacial. Outras teorias, no entanto, especulam que a América do Sul poderia ter sido povoada por polinésios que teriam atravessado o Oceano Pacífico em jangadas de bambu.
As primeiras evidências de ocupação humana datam de 6500 a.C., por vestígios de agricultura: batata e feijão eram cultivados na bacia do Amazonas. Outros vestígios, de cerâmica, indicam que o cultivo da mandioca (até hoje alimento básico no continente) existiu desde pelo menos 2000 a.C.. Nesta época, já havia várias aldeias nos Andes e arredores.
Nos rios e no litoral (principalmente no Pacífico), consolidou-se a pesca, que ajudou a ampliar a base alimentar. Lhamas e alpacas foram domesticados a partir de 3500 a.C., servindo para a produção de carne, lã e como transporte.
Por volta do ano 1000, mais de dez milhões de pessoas habitavam o continente, concentrados principalmente na Cordilheira dos Andes e no litoral norte, banhado pelo Mar do Caribe. As demais regiões eram de povoamento mais esparso e nômade, como a Amazônia, o litoral Atlântico, o Planalto Central, o Altiplano, o Chaco e, finalmente, os Pampas, a Patagônia e o Atacama no chamado Cone Sul.

Civilizações nativasEditar



Machu Picchu, construção inca.
Os chibchas ou muíscas foram uma das principais civilizações indígenas pré-incaicas, concentrados na atual Colômbia. Lá estabeleceram uma confederação de vários clãs (cacicazgos) com uma rede de comércio entre elas, além de ourives e agricultores. Junto com os quíchua nos Andes e os aimarás no Altiplano, formavam os três grupos sedentários mais importantes do continente.
A cultura Chavín, no atual Peru, estabeleceu uma rede comercial e agricultura desenvolvida a partir de 900 a.C., de acordo com estimativas e descobertas arqueológicas. Foram encontrados artefatos num sítio chamado Chavín de Huantar, a uma altitude de 3.177 metros. A civilização durou até 300 a.C..
Além destes e antes dos incas, houve outras civilizações (povos organizados em cidades, não em tribos e aldeias) sul-americanas, como os caral-supe ou Norte Chico (2500 a.C. - 1500 a.C., no centro do Peru), a cultura de Valdivia (no Equador), os moche (100 a.C. - 700 d.C., no litoral norte do Peru), a cultura tihuanaco ou tiwanaku (100 a.C. - 1200 a.C., na Bolívia), a cultura Paracas-Nazca (400 a.C. - 800 d.C., no Peru), o Império Huari (600 - 1200 d.C., no centro e norte do Peru), o Império Chimu (1300 - 1470, litoral norte peruano), os chachapoyas (1000 - 1450, na Bolívia e sul do Peru).
Outros povos importantes mas que não chegaram a ser civilizações eram os tupi (do litoral Atlântico à Amazônia), os guarani (na bacia do rio Paraná), os jê (na Amazônia e Planalto Central), os aruaques e caribes (no Planalto das Guianas e litoral caribenho), os mapuches (na Patagônia) e os aimarás (no Altiplano).

1100-1532: Ascensão do Império IncaEditar



Inca Roca
Originalmente, os incas eram um clã específico entre o povo quíchua (ou quéchua), que habitava os Andes. Estes eram uma civilização, de fato, na medida em que construíam e viviam em cidades (diferentemente dos indígenas da Amazônia e do Atlântico). Baseados em Cuzco, eles ascenderam ao poder e formaram um exército poderoso o suficiente para subjugar outras tribos e povos vizinhos, como os aimarás, os chibcha, os moche e os chavín, entre outros.
Enquanto a Europa vivia o período da Idade Média, os incas formaram um império que se estendia pela maior parte do litoral ocidental (Oceano Pacífico) do continente. Embora sem conhecerem a escrita nem a roda, os incas e os povos subjugados construíram um Estado altamente avançado, de administração centralizada, com sistemas de estradas, irrigações, cidades e palácios, e relações com os povos ao redor semelhantes às que havia entre os romanos e os "bárbaros" e "federados". O império era chamado de Tahuantinsuyu, ou "Estado dos quatro cantos do mundo".
Em 1530, o Império Inca estava em seu auge, com o imperador Huayna Capac. Este, no entanto, ao morrer deixou como herança um império partilhado entre seus filhos Huáscar (com o sul) e Atahuallpa (com o norte), o que ocasionou uma guerra civil entre os dois irmãos. Foi nesse contexto que os Espanhóis chegaram.

1532-1580: Conquista IbéricaEditar
De acordo com registros não-oficiais, o primeiro registro visual do continente por europeus aconteceu em 1498, pelo navegador português Duarte Pacheco Pereira. Nos anos seguintes, o espanhol Vicente Yáñez Pinzón, o genovês Cristóvão Colombo e o português Fernão de Magalhães, todos a serviço de Castela, costearam e exploraram o litoral sul-americano em diferentes pontos. Em 1500, Pedro Álvares Cabral chega oficialmente ao Brasil e toma posse da nova terra para Portugal. Explorações continuaram nos anos seguintes, com Sebastião Caboto, Diogo Botelho Pereira, Nicolau Coelho, Alonso de Ojeda, Francisco de Orellana, entre outros.
Em 1494, face ao achamento do Novo Mundo por Colombo, Portugal e Castela se apressaram em negociar a partilha das novas terras. A divisão do planeta em dois hemisférios foli oficializada no Tratado de Tordesilhas, auspiciado pelo papa espanhol Alexandre VI. As demais potências europeias, como a França, no entanto, se recusaram a aceitar validade do tratado, como explicitado na declaração do rei Francisco I de França, que ironizou os reinos ibéricos por não ter visto "o testamento de Adão" que lhes legava de herança o mundo inteiro. Na mesma intenção, o britânico Walter Raleigh explorou a costa norte do continente, do Orinoco ao Amazonas.



Tropas de Pizarro atacando os incas.
Os espanhóis, estimulados pelo sucesso de Cortés no México (contra os astecas), descem pelo Panamá e desembarcaram na costa do Império Inca, liderados por Francisco Pizarro, Gonzalo Pizarro, Hernando de Soto e Diego de Almagro. Numa rápida guerra, seqüestraram e executaram o imperador, Atahuallpa, e destróem o maior Estado da América de então. As décadas seguintes assistiram ao massacre sistemático e ao genocídio dos povos nativos (por meio de ataques ou transmissão de doenças contra as quais não tinham imunidade), especialmente nas zonas de ocupação portuguesa, onde até hoje a população indígena foi praticamente aniquilada e não deixou vestígios nos traços étnicos da população. A conquista resultou num violento decréscimo demográfico, reduzindo drasticamente a população do continente.



Ruínas da missão de São Miguel.
A América do Sul ficou dividida praticamente entre os dois reinos ibéricos, com áreas de colonização litorânea ocidental-pacífica para Castela e a oriental-atlântica para Portugal. Espanhóis se instalaram no Prata, no Caribe e nos Andes, utilizando a infraestrutura de cidades e transportes dos incas, além de iniciar a exploração de minas de prata em locais como Potosí. Já os portugueses investiram principalmente no extrativismo de pau-brasil e, mais tarde, na plantação de cana-de-açúcar. A ocupação portuguesa, a princípio, foi exclusivamente concentrada na faixa litorânea. O planalto das Guianas foi ocupado por ingleses (no Orinoco e Essequibo) e franceses (no Oiapoque e Maroni), mais tarde acrescentados dos holandeses.
A colonização ibérica também trouxe o proselitismo religioso, com a fundação de missões católicas para conversão dos nativos. O trabalho foi conduzido especialmente pelos jesuítas, membros da Companhia de Jesus fundada pelo espanhol Inácio de Loyola. Os jesuítas, como Bartolomeu de las Casas, tiveram papel fundamental na defesa dos indígenas contra a exploração por trabalho escravo. Povos como os guarani, na bacia do Paraná, foram protegidos durante três séculos pelos missionários. Isso estimulou a compra de africanos para trabalhar nas áreas de colonização (principalmente de plantação de cana-de-açúcar), o que fez crescer o tráfico negreiro da África para a América do Sul.

1580-1703: Disputas ColoniaisEditar



Mapa da América do Sul, de 1575.
A União Ibérica, formada a partir de 1580, extingue na prática as fronteiras das zonas de colonização na América do Sul, alterando profundamente a dicotomia de ocupação até então existente entre lusos e castelhanos. Os dois povos, subordinados à mesma coroa, ganham a permissão de transitar livremente entre as duas áreas colonizadas — embora, na prática, o intercâmbio humano seja pouco.
A principal mudança da União Ibérica é que Portugal passa a ser inimiga dos adversários da Espanha, como Inglaterra e as recém-emancipadas Províncias Unidas dos Países Baixos. Com isso, potências como Inglaterra, França e Holanda invadiram e ocuparam áreas de dominação dos reinos ibéricos, como na Guiana, em Pernambuco e nas ilhas Malvinas, além de várias ilhas no Caribe. Os espanhóis não recuperam mais estas terras, enquanto os portugueses só conseguem expulsar os invasores após a recuperação da independência com a Revolução de 1640 (ver Guerra contra os holandeses).
A divisão administrativa das colônias criou, do lado espanhol, o Vice-Reino do Prata (atuais Argentina, Uruguai e Paraguai), o Vice-Reino de Nova Granada (atuais Colômbia, Venezuela, Equador e Panamá), o Vice-Reino do Peru (atuais Peru, Bolívia e norte do Chile) e a Capitania Geral do Chile, enquanto o lado português teve o Estado do Maranhão e o Estado do Brasil, depois unificados sob o Vice-Reino do Brasil.
Aos poucos, surgiu uma nova classe social e étnica, a partir da miscigenação entre colonos ibéricos e os índios: os mestiços ou gentio (na América Portuguesa) e os mestizos ou criollos (na América Hispânica). Nas áreas de escravidão, ocorreu o mesmo entre europeus e africanos, dando origem aos mulatos, cafuzos e mamelucos. Assim como os nativos, os mestiços eram forçados a pagar impostos abusivos, mas tinham mais acesso à cultura e de certa forma se viam herdeiros do patrimônio cultural católico e europeu. Aos poucos, esta "casta" começou a se rebelar contra o sistema de dominação colonial.

1703-1810: Revoltas ColoniaisEditar
O século XVIII viu as revoltas de Tupac Amaru, no Peru, de Tupac Katari, no Alto Peru (Bolívia) e de Felipe dos Santos e a Inconfidência Mineira, no Brasil, contra as injustiças cometidas pelo governo colonial. As revoltas foram uma reação à política do despotismo esclarecido que, a partir da Europa, tentava maximizar os lucros obtidos com a exploração em suas colônias, especialmente na área mineral (ouro, prata e diamantes).
Os tratados de Utrecht, em 1713, e de Madri, em 1750, procuram delimitar as novas fronteiras da divisão do continente entre as duas monarquias ibéricas, sem contudo conter novos conflitos. No século XVII, as missões jesuíticas no Paraná e Paraguai começaram a ser incômodas para os colonizadores, que ainda pretendiam usar os indígenas como escravos. A disputa levou às Guerras Guaraníticas, só terminada com o Tratado de Santo Ildefonso, em 1777.

1810-1828: Libertação Sul-AmericanaEditar



Formação dos estados sul-americanos de 1700 até hoje.
As Guerras Napoleônicas submeteram Portugal e Espanha à ocupação (e, no caso desta última, ao domínio político) por parte da França, então em guerra contra a Inglaterra. Isto levou ingleses a atacarem terras sul-americanas sob controle espanhol, como no bombardeio a Buenos Aires, em 1810. O fato de o trono em Madri estar ocupado por um fantoche de Napoleão foi aproveitado pelas colônias hispânicas para ignorar a autoridade da metrópole e agir com maior autonomia. O caso português, no entanto, era ímpar, pelo fato de o trono ter-se transferido oficialmente para território da colônia no Brasil (elevado à categoria de reino em 1815). Com a restauração das monarquias soberanas, entre 1811 e 1814, os colonizadores tentaram restaurar o sistema rígido colonial, o que provocou revoltas.
O bacharel Simón Bolívar, nascido na Nova Granada e que estudara na Europa, e o platino José de San Martín, além de Bernardo O'Higgins do Chile, se encarregam de organizar os exércitos coloniais que enfrentam, durante quase 10 anos, as tropas enviadas por Madri para garantir o controle sobre a América. Pouco a pouco, libertam e conquistam, militarmente, a independência dos vários vice-reinados e capitanias sul-americanos, que passam a ser repúblicas.
No Brasil, a independência foi batalhada entre 1817 e 1825 (ano do reconhecimento por Portugal) por representantes das elites nativas, principalmente na Bahia, em Pernambuco e em São Paulo, por nomes como Cipriano Barata, Frei Caneca e José Bonifácio, mas acabou só sendo efetivada por iniciativa do próprio herdeiro do trono colonizador, o então príncipe-regente Pedro de Alcântara que se coroou imperador Dom Pedro I em 1822.
As Guianas inglesa, holandesa e francesa continuaram sob suas metrópoles. As duas primeiras só ficariam independentes na segunda metade do século XX (Guiana em 1966 e Suriname em 1975), enquanto a terceira ainda é um departamento ultramarino da França.

1828-1870: Fragmentação e Imperialismo BritânicoEditar
Durante as lutas pela independência, a intenção dos libertadores era unificar toda a América Hispânica sob uma mesma república (pan-americanismo). O plano de Bolívar para a unificação da América fracassa logo em seguida ao Congresso do Panamá, para desgosto do Libertador. A própria Nova Granada[desambiguação necessária] se fragmenta em Colômbia, Venezuela e, mais tarde, Equador. O Peru e o Alto Peru se separam como Peru e Bolívia (nome dado em homenagem a Bolívar).
A América Portuguesa, por outro lado, se mantém íntegra — exceto pelo extremo sul, a província Cisplatina, que ganha independência em 1828 com o nome de Uruguai. A derrota na Guerra da Cisplatina (1825-1828) ajuda a desestabilizar o reinado de Dom Pedro I.
O Império Brasileiro se firma como potência regional, intervindo nos vizinhos platinos com as guerras contra Aguirre e contra Oribe e Rosas. Internamente, o país sofre com as revoltas do período regencial e com a Guerra dos Farrapos.
O imperialismo do Reino Unido contribui para atiçar as jovens nações sul-americanas umas contra as outras. Ao instalar empresas privadas com grandes recursos financeiros e incitar os governos a agir em favor de seus interesses, os britânicos provocam algumas das guerras no continente. A Guerra do Paraguai é uma delas, na qual Brasil, Argentina e Uruguai, aliados, enfrentam o poder militar e político do economicamente independente Paraguai. A guerra termina com o arrasamento da nação paraguaia e no endividamento dos países vencedores, o que precipita mudanças internas (no Brasil, o fortalecimento do exército ajuda a fortalecer a causa republicana).
O Chile enfrenta a aliança de Peru e Bolívia na Guerra do Pacífico (1879-1884), derrotando-os e ocupando território rico em minério. Nesse conflito, a Bolívia deixa de ter acesso ao mar. O país também perde território para o Brasil com a anexação do Acre, em 1903. O Peru, por outro lado, vence disputa territorial com o Equador pela Amazônia, reduzindo este país ao diminuto território no lado ocidental dos Andes.

1870-1930: CaudilhismoEditar
A partir da década de 1870, o continente viveu uma onda de governos autoritários e nacionalistas, liderados por figuras típicas da política latino-americana chamados de "caudilhos". A maioria governava com apoio das forças armadas e se manteve no poder por vários anos com dispositivos extra-constitucionais (golpes de Estado, cancelamento de eleições, presidências vitalícias, entre outros). Alguns deles foram:
◾Bartolomé Mitre
◾Juan Vicente Gómez na Venezuela
◾Manuel Montt e Jorge Montt no Chile
◾Augusto Leguía y Salcedo no Peru
Houve caudilhos tanto de caráter reformista quanto conservador. Alguns promoveram modernização econômica dando voz às classes urbanas, outros se voltaram para as classes tradicionais agrárias. De forma geral, a onda autoritária durou até a ascensão da burguesia industrial, na década de 1930. a america foi expandida para o sul da frança em 1935-1948 no bombardeio da colonia;

1930-1954: Populismo e Imperialismo dos EUAEditar
Os anos 1930 na América do Sul começaram sob o forte impacto da crise de 1929 e da Grande Depressão que se seguiu nos Estados Unidos, provocando conseqüências diretas nos países sul-americanos que tinham nos EUA o principal comprador de seus produtos e matérias-primas. Isso impulsionou a ascensão de regimes populistas e representantes da nova burguesia industrial, como os de Getúlio Vargas no Brasil e Juan Perón na Argentina. Entre 1932 e 1935, é travada a Guerra do Chaco, entre Bolívia e Paraguai, por campos de petróleo que se provaram inexistentes.
A suspeita de aproximação e o receio de alinhamento de alguns destes ditadores com as potências do Eixo, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, levam o governo dos EUA (sob Franklin Roosevelt e Harry Truman) a criarem e implementarem a Política da Boa Vizinhança para o continente, destinada a aumentar a influência econômica e cultural norte-americana sobre a América do Sul. É dentro desta política que são realizados investimentos como a construção da Companhia Siderúrgica Nacional no Brasil e as visitas de Orson Welles e Walt Disney a alguns países do continente, produzindo filmes como É tudo verdade, Alô, amigos e Você já foi à Bahia?. No mesmo contexto, Carmen Miranda é levada para atuar em Hollywood, criando no imaginário dos EUA um estereótipo sul-americano que perdura até hoje.

1954-1990: Ciclos MilitaresEditar
Ver artigo principal: Golpe de Estado, Intervencionismo
Durante a Guerra Fria, o anticomunismo dos EUA fez-se sentir na região. De 1946 a 1984, os Estados Unidos mantiveram no Panamá a Escola das Américas. A finalidade deste órgão era formar lideranças militares pró-EUA. Vários futuros ditadores latino-americanos foram alunos desta instituição, entre eles o ditador do Panamá Manuel Noriega, e Leopoldo Galtieri, líder da Junta Militar da Argentina. A partir de 1954, os serviços de inteligência norte-americanos participaram de golpes de estado contra governos latino-americanos.[1] [2] Após a Revolução cubana, o receio de que o comunismo se espalhasse pelas Américas cresceu muito. Governos simpáticos ao comunismo ou democraticamente eleitos, mas contrários aos interesses políticos e econômicos dos EUA foram removidos do poder.
Em 1961, o presidente Kennedy criou a Aliança para o Progresso, para abrandar as tensões sociais e auxiliar no desenvolvimento econômico das nações latino-americanas. Este programa ofereceu ajuda técnica e econômica a vários países. Com isto, pretendia-se afastar a possibilidade das nações da América Latina alinharem-se com o bloco soviético. Mas, como programa não alcançou os resultados esperados, foi extinto em 1969 pelo presidente Richard Nixon.
Golpes de Estado ocorridos na América do Sul neste período:
◾1954: Paraguai - Alfredo Stroessner assume à força o governo paraguaio e fica no poder até 1989.
◾1964: Golpe de Estado no Brasil: João Goulart foi deposto por uma revolta militar e exilou-se no Uruguai.
◾1973: Golpe de Estado no Chile: em 11 de Setembro de 1973, uma rebelião militar liderada por Augusto Pinochet e apoiada pelos EUA, depôs o presidente Salvador Allende.
De 1954 a 1976, praticamente todo o continente mergulhou em regimes militares, comandados por Alfredo Stroessner no Paraguai, Augusto Pinochet no Chile, Hugo Bánzer na Bolívia, Leopoldo Galtieri na Argentina, e pelos cinco marechais e generais brasileiros (Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo). Vários destes governos colaboraram na Operação Condor.
As ditaduras são enfrentadas por movimentos guerrilheiros de esquerda, como o MR-8 e a ALN, no Brasil, os Tupamaros no Uruguai, a Mano Negra na Argentina, e o Sendero Luminoso e o MRTA no Peru. Na Colômbia, embora não esteja sob ditadura, as FARC e o ELN inciam uma guerra civil que dura quatro décadas e tomam controle sobre considerável parte do país.

1983-1999: Redemocratização e Experiências NeoliberaisEditar
O primeiro ciclo de redemocratização, a partir da metade da década de 1980, foi liderado por Raúl Alfonsín na Argentina, Patricio Aylwin no Chile, Alan García no Peru e Tancredo Neves e José Sarney no Brasil.
Num segundo momento, seus sucessores implementam reformas neoliberais seguindo as orientações do Fundo Monetário Internacional e do Consenso de Washington. A América do Sul vira um grande laboratório para as experiências neoliberais. Carlos Menem na Argentina, Eduardo Frey no Chile, Alberto Fujimori no Peru (que dá um golpe de Estado civil e fica no poder por 10 anos), e Collor de Melo e Fernando Henrique Cardoso no Brasil privatizam as empresas públicas, reduzem gastos sociais e abrem suas economias a investimentos externos, principalmente à especulação financeira. Em quase todos os casos, um surto de crescimento e importação é seguido por forte recessão econômica, queda da produtividade e desemprego, com empobrecimento da classe média.
A proposta de integração latino-americana é retomada no campo econômico, com a abolição gradual de barreiras alfandegárias e propostas para uniões monetárias. A Comunidade Andina de Nações (CAN) é fortalecida com a adesão de Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Equador enquanto, no Cone Sul, forma-se o Mercado Comum do Sul (Mercosul), com Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O Chile participa como observador em ambos os grupos, mas acaba se aproveitando de relações comerciais próximas com os EUA e a Ásia.

1999-atualidade: "Guinada à Esquerda"Editar



A eleição de Chávez à presidência da Venezuela deu início ao fenômeno conhecido como "Guinada à Esquerda".
A partir do final da década de 1990, com as crises econômicas e sociais resultantes das políticas neoliberais (privatizações de empresas estatais, corte de gastos públicos, desregulamentação de serviços, fim de benefícios trabalhistas), os governos de direita vão perdendo popularidade e começa uma seqüência de eleições de governos de centro-esquerda[3] :

◾1999 – Bharrat Jagdeo na Guiana
◾1999 – Hugo Chávez na Venezuela
◾2000 – Ricardo Lagos no Chile
◾2000 – Ronald Venetiaan no Suriname
◾2003 – Lucio Gutiérrez no Equador
◾2003 – Luís Inácio Lula da Silva no Brasil
◾2003 – Néstor Kirchner na Argentina
◾2005 – Tabaré Vázquez no Uruguai
◾2006 – Alan García no Peru
◾2006 – Evo Morales na Bolívia
◾2006 – Michelle Bachelet no Chile
◾2007 – Cristina Kirchner na Argentina
◾2007 – Rafael Correa no Equador
◾2008 – Fernando Lugo no Paraguai
◾2009 – José Mujica no Uruguai
◾2010 – Dési Bouterse no Suriname
◾2011 – Dilma Rousseff no Brasil
◾2011 – Ollanta Humala no Peru
O fenômeno é chamado de "Guinada à Esquerda" e inclui tanto lideranças que se notabilizam pelo populismo (como o venezuelano Chávez e o boliviano Morales) quanto moderados (como o brasileiro Lula e o uruguaio Vázquez). A preterida proposta, lançada pelos EUA, de uma Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), é contraposta pela Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), lançada por Chávez com o apoio do ditador cubano Fidel Castro. Na mesma época, o continente sedia cinco edições do Fórum Social Mundial, evento de caráter antineoliberal que reúne lideranças em defesa dos direitos humanos, centrais sindicais, ONGs e partidos de esquerda de todo o mundo.



Bandeira da UNASUL.
Na Colômbia as lideranças de esquerda são associada ao grupo guerrilheiro FARCs pela opinião pública e o combate a este é bem visto pela maioria da população, fazendo do presidente de centro-direita Álvaro Uribe um dos mais bem avaliados da América do Sul, perdendo apenas para Lula e Bachelet de acordo com a última pesquisa do instituto Latinobarómetro [4] . O governo Uribe é atualmente um dos poucos aliados fiéis dos EUA na região.
Foi sobre os governos da "Guinada" que surgiu recentemente, com o propósito de evitar intervenções estadunidenses na região, a União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), uma proposta inédita de integração regional que reúne todos os países do continente. Após a criação da UNASUL, alguns comentaristas políticos estadunidenses publicaram artigos mostrando preocupação com a crescente perda de hegemonia política dos EUA na região. O mais notável foi "Como os EUA perdeu a América Latina" de Joshua Sperber do blog Counterpunch [5] .

Referências
1. TVCultura - A espionagem. Site acessado em 14 de Novembro de 2010.
2. Espaço acadêmico - A CIA e a técnica do golpe de Estado. Artigo de Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira. Acessado em 14 de Novembro de 2010.
3. Lista dos presidentes sul-americanos por orientação política
4. [1]
5. [2]
América do Norte
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Disambig grey.svg Nota: Para um continente que compreende a porção setentrional do América, veja América Setentrional.


Mapa da América do Norte

Vizinhos América Central, Ásia e Europa
Divisões  
 - Países 3
 - Dependências 3
Área  
 - Total 24.709.000 km²
 - Maior país Canadá (9 970 610 km2)
 - Menor país México
Extremos de elevação  
 - Ponto mais alto Monte McKinley, EUA (6.194 m)
 - Ponto mais baixo Vale da morte, EUA (-86 m)
População  
 - Total 522.257.000 habitantes
 - Densidade 21,2 hab./km²
Idiomas Inglês, espanhol, Francês e Português
A América do Norte é um subcontinente que compreende a porção setentrional do continente americano. Existem duas formas de classificar esse continente: a primeira considera que a América do Norte é apenas a parte mais setentrional da América, separada da América Central na fronteira entre o México e a Guatemala, a segunda classificação reconhece apenas uma América do Norte e uma América do Sul, traçando o limite no Istmo do Panamá (umas vezes no Canal do Panamá, outras na fronteira entre o Panamá e a Colômbia). Pela última definição, a América do Norte incluiria a América Central Continental e Insular (Caribe).
De facto, a América do Norte está assente na sua própria placa tectónica - a Placa Norte-americana (que abrange também parte da Ásia oriental) -, enquanto que a América Central, a sul da Península de Iucatã, está assente na Placa Caribeana.
O subcontinente é limitado a norte pelo Oceano Glacial Ártico, a leste pelo Oceano Atlântico, a sul pela América Central (ou pela América do Sul, conforme a definição que se considere), pelo Golfo do México e Mar das Caraíbas e a oeste pelo oceano Pacífico. Inclui ainda, além da porção continental, a Gronelândia (a maior ilha do mundo), a Terra Nova, o Arquipélago Ártico Canadiano, as Aleútes, a ilha de Vancouver, as Ilhas da Rainha Carlota e uma miríade de outras ilhas, espalhadas pelos mares que a rodeiam.

História

Divisão política da América do Norte
Considerando que a América do Norte acaba na fronteira do México com a Guatemala, pode-se, assim, dizer que a América do Norte é composta pelos seguintes territórios:
◾Países independentes •Canadá Canadá

O Canadá é uma federação composta por dez províncias e três territórios, uma democracia parlamentar e uma monarquia constitucional, com a rainha Elizabeth II (Isabel II) como chefe de Estado — um símbolo dos laços históricos do Canadá com o Reino Unido — sendo o governo dirigido por um primeiro-ministro, cargo ocupado atualmente (2012) por Stephen Harper. Ocupa grande parte da América do Norte e se estende desde o Oceano Atlântico, a leste, até o Oceano Pacífico, a oeste. Ao norte o país é limitado pelo Oceano Ártico. É o segundo maior país do mundo em área total,[2] atrás apenas da Rússia, e a sua fronteira comum com os Estados Unidos, no sul e no noroeste, é a mais longa fronteira terrestre do mundo.
◾•Estados Unidos Estados Unidos[3]

São uma república constitucional federal composta por cinquenta estados e um distrito federal. A maior parte do país situa-se na região central da América do Norte, formada por 48 estados e Washington, D.C., o distrito federal da capital. Localiza-se entre os oceanos Pacífico e Atlântico, fazendo fronteira com o Canadá a norte e com o México a sul. O estado do Alasca está no noroeste do continente, fazendo fronteira com o Canadá no leste e com a Rússia a oeste, através do estreito de Bering. O estado do Havaí é um arquipélago no Pacífico Central. O país também possui vários outros territórios no Caribe e no Pacífico.
◾•México México

É uma república constitucional federal localizada na América do Norte. O país é limitado a norte pelos Estados Unidos; ao sul e oeste pelo Oceano Pacífico; a sudeste pela Guatemala, Belize e Mar do Caribe; a leste pelo Golfo do México.[4] Com um território que abrange quase 2 milhões de quilômetros quadrados,[2] o México é o quinto maior país das Américas por área total e o 14º maior do país independente do mundo. Com uma população estimada em 111 milhões de habitantes,[2] é o 11º país mais populoso do mundo e o mais populoso país da hispanofonia. O México é uma federação composta por trinta e um estados e um Distrito Federal.
◾Dependências •Bermudas Bermudas (colónia do Reino Unido)
•Gronelândia Groelândia (região autónoma dinamarquesa)
•Portugal Flores e Corvo (Açores) (parte da região autónoma portuguesa dos Açores)
•França Saint Pierre et Miquelon (território ultramarino francês)[5] [6] [7]

DemografiaEditar

Cidades mais populosas da América do Norte

Polanco Skyline Mexico City DF.jpg
Cidade do México
Top of Rock Cropped.jpg
Nova Iorque

Posição
Cidade
País
População
Posição
Cidade
País
População

DowntownLosAngeles.jpg
Los Angeles
View of the Chicago skyline from 340 on the Park.jpg
Chicago

1 Cidade do México  México 8 851 080 11 Phoenix Estados Unidos EUA 1 445 632
2 Nova Iorque Estados Unidos EUA 8 175 133 12 Puebla  México 1 434 062
3 Los Angeles Estados Unidos EUA 3 792 621 13 San Antonio Estados Unidos EUA 1 327 407
4 Chicago Estados Unidos EUA 2 695 598 14 Juárez  México 1 321 004
5 Toronto  Canadá 2 615 060 15 San Diego Estados Unidos EUA 1 307 402
6 Houston Estados Unidos EUA 2 100 263 16 Tijuana  México 1 300 983
7 Ecatepec  México 1 655 015 17 Leão  México 1 238 962
8 Montreal  Canadá 1 649 519 18 Dalas Estados Unidos EUA 1 197 816
9 Filadélfia Estados Unidos EUA 1 526 006 19 Zapopan  México 1 142 483
10 Guadalajara  México 1 495 182 20 Monterrey  México 1 135 512

Referências
1. Bernard Grunberg, "La folle aventure d'Hernan Cortés", in L'Histoire n°322, July–August 2007
2. CIA (29/09/2010). Canada (em inglês) The World Factbook. Visitado em 18/10/2010.
3. Com territórios ultramarinos ou insulares no Mar do Caribe e na Oceania. O Havaí é um estado ultramarino localizado na Oceania.
4. Merriam-Webster's Geographical Dictionary, 3rd ed. Springfield, MA: Merriam-Webster, Inc.; p. 733
5. CommerceConnect.gov. Security and Prosperity Partnership Of North America Spp.gov. Visitado em 2010-11-14. Cópia arquivada em 2008-06-18.
6. Ecoregions of North America United States Environmental Protection Agency. Visitado em 30 May 2011.
7. What's the difference between North, Latin, Central, Middle, South, Spanish and Anglo America?, about.com

Ver tambémEditar

Commons
O Commons possui imagens e outras mídias sobre América do Norte
◾Cronologia da colonização da América
◾História da colonização da América
◾História da descolonização da América

Continentes e regiões da Terra
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Supercontinentes geológicos
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 América do Norte

 The North American continent with country borders
 América
http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_do_Norte
América do Sul
http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Am%C3%A9rica_do_Sul

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