quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Entendam a Guerra do Rio de Janeiro

Encontrei uma matéria muito boa na internet sobre a história da guerra do Rio de Janeiro, espero que consigam entender um pouco desse drama. ————————O Inicio Complexo do Alemão O complexo do Alemão, juntamente com o Complexo da Maré, fazem dos arredores dos bairros da Penha, Ramos, Olaria, Bonsucesso e Inhaúma um barril de pólvora. Isso sem contar com outras favelas vizinhas, que não integram um complexo, mas que tem uma estrutura de traficantes e armamentos tão fortes quanto, que são as favelas de Manguinhos, Mandela I, Mandela II, Jacarezinho, Arará e CCPL, que mantém uma conexão com o tráfico dos dois Complexos. O que muita gente não sabe é que por décadas, e ainda hoje, essas áreas são as maiores responsáveis por toda organização e desorganização do tráfico e do crime, em todo o estado do Rio de Janeiro. Nesta área em particular se abrigam a força das três facções do Rio de Janeiro, que são Comando Vermelho, A.D.A e TCP.O Comando Vermelho tem seu quartel general na Vila Cruzeiro e no Morro do Alemão, suas bases mais fortes são: Jacarezinho, Mangueira, Borel, Parque União, Chatuba de Mesquita, Manguinhos, Mineira, Nova Holanda, Arará, Canta-Galo, Salgueiro, Vila do João, Vila Ipiranga de Niterói, Morro do Palácio de Niterói, Vigário Geral e Morro dos Prazeres. O Terceiro Comando tem seu quartel general no Morro dos Macacos e na favela da parada de Lucas, suas bases mais fortes são: Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro, Vila do Pinheiro, Morro do Tuiuti, Serra coral, Morro da Formiga, Morro do Urubu, Acari, Senador Camará, Vila Vintém, Morro do estado de Niterói e Morro do Santo Cristo de Niterói. A.D. A é uma facção que surgiu de um racha no Comando Vermelho, tal racha foi causado por um traficante chamado Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, que era dono do morro do Adeus (único morro do Complexo do Alemão que não era liderado pelo traficante Orlando Jogador). Apesar de na época pertencer à mesma facção, Uê tramou a morte de Orlando Jogador através de uma cilada (Orlando na ocasião era o líder do Comando Vermelho). Uê, que também era do Comando Vermelho, mantinha relações estreitas com traficantes de outras facções, como Jorge de Acari, Linho do Pinheiro e Celsinho da Vila Vintém, todos do Terceiro Comando. Na ocasião Uê teve sua atitude de matar Jogador repudiada por grande parte dos membros do Comando Vermelho em liberdade. Com isso, se viu obrigado a fundar sua própria facção, o Amigo dos Amigos, A.D.A, juntamente com Celsinho da Vila Vintém. Agora tudo começaria a mudar O A.D. A tem seu quartel general no Morro do Adeus e na Vila Vintém, suas bases fortes são: Morro do Juramento, Favela do Caju, Para-Pedro de Irajá, Favela de Inhaúma, Vila do Pinheiro, Rocinha e Parque Alegria. Traficante Uê Observando em todas as facções, podemos observar que muitas favelas são na região em que nos referimos como reduto principal do tráfico. Vale observar que toda essa base, de cada facção, teria uma grande reviravolta. Isso se deu exatamente quando Uê abandonou o Comando Vermelho. O que houve? Orlando Jogador Ao criar o A.D.A, Uê embaralhou as uniões que haviam nas facções. As favelas do C.V mais próximas a Orlando Jogador logo anunciaram uma guerra contra Uê, rachando o C.V e criando o CVJ (Comando Vermelho Jovem). As outras favelas do C.V, que eram mais próximas de Uê, aliaram-se a ele. Os aliados que ele já tinha do T.C se aliaram a ele também, rachando o T.C e o transformando em T.C.P (Terceiro Comando Puro). A zona norte se tornou uma zona de guerra. Linho O morro do Adeus estava sitiado, todas as favelas em seu entorno pertenciam ao Comando Vermelho e os traficantes delas estavam loucos para tomar o Adeus também. A mesma situação acontecia com a Vila do Pinheiro, do Linho, que logo se aliou a Uê. Celsinho Tudo conspirava para o fim do ADA, porém eles tinham uma vantagem sobre seus inimigos, que era justamente ter menos pessoas no comando. O ADA era liderado diretamente por Uê, com o apoio do Celsinho e do Linho. Já o CVJ era liderado por Fernandinho Beira Mar, Marcinho VP, Isaías do Borel, Polegar, Lambari e mais uns dez outros líderes do tráfico. Então, o que o ADA resolveu fazer foi justamente o que seus inimigos não esperavam… Atacar e invadir, ampliar suas áreas. E invadir era umas das especialidades de Uê, assim o ADA começou uma série de invasões e com isso a zona norte passou a viver no meio de uma guerra. As invasões eram por todo estado, Uê chegou ao ponto de atravessar a Bahia de Guanabara e invadir o Morro do Estado, na cidade de Niterói. Fernandinho Beira-Mar Durante a década de noventa era comum amanhecer o dia, em Ramos, Bonsucesso e arredores, e se deparar com corpos mutilados. Começava o crime a apurar suas técnicas de crueldade, pois eles já não só matavam seus inimigos, mas também os torturavam e esquartejavam para servirem de exemplos. E o que marcou foi reparar que a maioria das vítimas não passava dos dezessete anos. Outra coisa marcante é perceber que esses jovens aceitavam passar noites inteiras acordados debaixo de chuvas, pondo suas vidas em risco, por quantias que mal pagavam seus tênis, e o pior é que a grande maioria não vivia o suficiente para comprar o seu terceiro par. Reintegração Essa separação entre o CV e o CVJ não demoraria muito, pois o ADA se fortalecia rapidamente. Então, a facção se reintegrou e passou a se chamar CVRL (Comando Vermelho Rogério Lemgruber). Motivação O que se pode perceber claramente nas favelas é que o que leva esse povo todo a se envolver no crime não é exatamente o salário do tráfico. Isso é somente a desculpa usada, porém uma cena que era comum lá na comunidade era o filho do dono do morro passeando nas ruas da comunidade em uma mini moto ou mini buge, e ainda com outros brinquedos caríssimos (daquele tipo que todo pai sonha comprar para seu filho). Sua família ostentava e ele sempre estava vestido com roupas de grife. Sabia-se também que o dono do morro era dono de muitas propriedades. Isso fazia os olhos de todos os moradores brilharem, sonhando com uma casa legal, com a possibilidade de dar o melhor para sua família e desfrutar do bom e do melhor. Isso, num morro, é privilégio de poucos. Naquela época acredito que este era o fator que mais atraía as pessoas para a criminalidade. Hoje eu já vejo diferente, acho que o dinheiro de maneira mais rápida, e mais fácil que em um dia de labuta, é o que chama os jovens para o crime. Atualmente acredito que a coisa está pior, pois os traficantes estão liderando cada vez mais jovens e cada vez mais inconsequentes, o que torna o traficante cada vez mais cruel. Enfim, a zona norte foi sede e base do crime por muitos anos. Perdendo o controle – Parte 1 Julgamento do Uê A guerra nessa área só diminuiria no ano de 2002, quando após quase uma década de confrontos, Uê estava preso. Ele foi detido em Fortaleza, hospedado em um hotel de luxo. Mas no dia 11 de setembro de 2002 os traficantes do Comando Vermelho iniciaram uma rebelião no presídio Bangu I e mataram Uê e seus cunhados, que também integravam sua quadrilha. Este fato está retratado no início do filme Tropa de Elite 2. A única diferença do filme é que lá Uê ganha o nome de Colé e Fernandinho Beira Mar e Marcinho VP foram unificados em uma única pessoa, o Beirada. O detalhe é que na vida real os bandidos pintaram e bordaram e não terminaram como o Beirada. A guerra continua Apesar da morte de Uê, não foi ainda nessa hora que os traficantes do CV tomariam o Adeus. Dois traficantes da quadrilha de Uê, Jacaré e DJ, deram um golpe de estado e tomaram a liderança do morro da família de Uê. Estes dois não reinariam por muito tempo, não chegou há quatro anos a liderança dos dois no morro. Eles foram mortos em confronto com a polícia. Logo após a morte de Jacaré e DJ o Comando Vermelho mais uma vez tentou tomar o Morro do Adeus, porém logo foram expulsos por uma milícia. Mas eles não desistiram e continuaram a fazer invasões no Adeus até que a milícia resolveu abandonar o morro, com isso todo o Complexo do Alemão passou a pertencer ao CV. Perdendo o controle – Parte 2 Policiais Upp No ano de 2007 o governador Sérgio Cabral resolveu entrar na guerra contra o crime e começou a instalar unidades de polícia pacificadora nas comunidades que estavam sob o comando do tráfico, isso se intensificou nos anos de 2008, 2009 e 2010. Os traficantes então passaram a abandonar os morros que a polícia invadia para instalar a tal UPP. O problema é que o BOPE sobe o Morro, mas não prende ninguém e quase não apreende armas. Logo, estes traficantes fugiram com armas muito potentes e nada mais a perder, a não ser as vidas. Eles começaram a migrar para baixada fluminense e São Gonçalo, o bairro do Jóquei, em são Gonçalo, que sempre foi um bairro tranqüilo, passou a ser dominado por traficantes de fuzil nas mãos. Chegou até a ser noticiado uma chacina no local, ocorrida por uma guerra entre o CV e o ADA. Policias do Bope No mês de novembro de 2010, os traficantes do CV começaram uma série de ataques à sociedade carioca visando impor o terror, eles incendiaram carros e ônibus em diversas ruas da cidade. O governador então resolve dar um ponto final nessa disputa de forças e faz uma aliança entre as polícias federal, civil e militar, juntamente com o exército e a marinha, e no dia 26 de novembro invade e toma a Vila Cruzeiro, os traficantes fogem desesperados pela mata em direção ao morro do Alemão. É o maior sinal de fracasso, fraqueza e desespero que o crime já demonstrou. E no dia 27, as forças do estado invadem e tomam também o morro do Alemão, avisando: daqui não saio, daqui ninguém me tira. Lá, se a guerra ainda não acabou, já está bem encaminhada. E a melhor notícia é que o bem está vencendo e o mal está correndo. Tomada Complexo do Alemão Agora, não podemos esquecer o resto do estado, pois se esses criminosos continuarem a migrar para São Gonçalo e Baixada, conseguindo se estruturar nestes locais, poderão se organizar novamente. Conclusão O Crime vai ser sempre combatido ou não, mas é como eles sempre falam “Morre um, nasce um monte”. O problema é social e politico.

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