sábado, 27 de fevereiro de 2016

ALMA MINHA GENTIL QUE PARTISTE

  Luis Vaz de Camões

Alma minha gentil, que te partiste
 Tão cedo desta vida, descontente,
 Repousa lá no Céu eternamente
 E viva eu cá na terra sempre triste.
 Se lá no assento etéreo, onde subiste,
 Memória desta vida se consente,
 Não te esqueças daquele amor ardente
 Que já nos olhos meus tão puro viste.
 E se vires que pode merecer-te
 Alguma cousa a dor que me ficou
 Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
 Roga a Deus, que teus anos encurtou,
 Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
 Quão cedo de meus olhos te levou

Nenhum comentário:

Postar um comentário