quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Tudo a respeito da Folha de Sào Paulo


Folha de S.Paulo[nota 1] é um jornal brasileiro editado na cidade de São Paulo e o segundo maior jornal de circulação do Brasil, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC). A circulação média diária em 2010 foi de 294.498 exemplares,[2] crescendo para 361 231 nos quatro meses de 2015.[1] Ao lado de O Globo, Correio Braziliense e O Estado de S. Paulo, a Folha de S.Paulo, que pertence ao Grupo Folha, é um dos jornais mais influentes do país.[3

História
O jornal dos trabalhadores urbanosEditar
A Folha foi fundada em 19 de fevereiro de 1921[4] por um grupo de jornalistas liderado por Olival Costa e Pedro Cunha, com o nome de Folha da Noite. Era um jornal vespertino, com um projeto que pregava textos mais curtos e mais claros, enfoque mais noticioso que opinativo, agilidade e proximidade com os assuntos que afetavam o dia a dia da população paulistana, principalmente os trabalhadores urbanos.
Foi criada em oposição ao principal jornal da cidade, O Estado de S. Paulo, que representava as elites rurais e assumia uma posição mais conservadora, tradicional e rígida.[5] O empreendimento foi bem-sucedido, levando os sócios a comprar uma sede própria, uma rotativa e, em julho de 1925, criar um segundo jornal, agora matutino: a Folha da Manhã.
Também em 1925 surgiu na Folha da Manhã o personagem Juca Pato, que acabou se tornando um símbolo do jornal. Criado pelo cartunista Benedito Carneiro Bastos Barreto (1896-1947), o Belmonte, Juca Pato era “o homem comum”, que criticava com ironia os problemas políticos e econômicos e repetia o bordão “Podia ser pior”.
As principais críticas das “Folhas” eram dirigidas aos partidos republicanos que monopolizavam os governos da época e faziam campanhas por melhorias sociais. A empresa chegou a apoiar a criação do Partido Democrático, de oposição. Em 1929, no entanto, Olival Costa, então o único dono das “Folhas”, passou a se aproximar dos republicanos paulistas e a repudiar opositores da Aliança Liberal, ligados a Getúlio Vargas.
Em outubro de 1930, com a vitória da Revolução de 1930 varguista, jornais que haviam se contraposto a Getúlio Vargas foram depredados por partidários da Aliança Liberal.[6] As instalações da Folha foram destruídas e Costa vendeu a empresa a Octaviano Alves de Lima, empresário ligado à produção e, principalmente, ao comércio de café.
Defesa dos produtores rurais e oposição a Getúlio VargasEditar
O propósito inicial de Alves de Lima, que assumiu o jornal em 1931, era defender os interesses “da agricultura”, ou seja, dos produtores rurais[7] . Mas eventos importantes levaram o foco noticioso para outros temas: a revolução de 1932 (em que paulistas tentaram recuperar o poder perdido para Getúlio Vargas), a Segunda Guerra Mundial (de 1939 a 1945) e o Estado Novo (ditadura varguista que durou de 1937 a 1945).
Sem familiaridade com a imprensa, Lima trouxe para a direção da empresa o poeta Guilherme de Almeida e entregou a direção editorial a Rubens do Amaral, que formou uma Redação de tendência antigetulista. Hermínio Sachetta, militante trotskista que chegou a ser preso pelo Estado Novo, assumiu a Secretaria de Redação logo depois de deixar a prisão.
O governo ditatorial exercia pressão política e econômica sobre a imprensa, concentrando munição em São Paulo contra o matutino O Estado de S. Paulo, que havia patrocinado a revolução de 1932. O diretor do jornal, Júlio de Mesquita Filho, foi preso três vezes e forçado a se exilar, enquanto o Estado ficava sob intervenção do governo varguista, de 1940 a 1945. Com o concorrente calado, a Folha da Manhã sobressaiu como voz de oposição à ditadura.
A atitude crítica é um dos motivos apontados para a troca de proprietários da empresa, ocorrida em 1945[6] . Segundo João Baptista Ramos, irmão de José Nabantino Ramos—um dos novos sócios, ao lado de Clóvis Queiroga e Alcides Ribeiro Meirelles --, a compra das Folhas foi articulada por Getúlio Vargas, que queria ver-se livre do jornalismo de oposição comandado por Rubens do Amaral, declaradamente antigetulista.
Queiroga, por sua vez, representava o conde Francisco Matarazzo Júnior, que era impedido de possuir veículos de comunicação, por ser italiano. Matarazzo financiou a compra de rotativas mais modernas e viu na empreitada uma oportunidade para responder aos ataques que lhe faziam os jornais de Assis Chateaubriand, seu desafeto.
Uma das armas idealizadas por ele nessa batalha foi reduzir o preço das Folhas, para sufocar os negócios dos Diários Associados, de Chateaubriand. O tiro, no entanto saiu pela culatra: Nabantino Ramos contabilizou as perdas que a empresa sofreu com essa redução de preço como pagamento pelo financiamento concedido pelo conde e, após alguns meses, declarou a dívida quitada, assumindo a condução editorial dos jornais.[6]
Jornal das classes médias e das campanhas cívicasEditar



Sede atual da Folha em São Paulo, para onde o jornal se mudou nos anos 1950.
Advogado, Nabantino Ramos era aficionado por técnicas de gestão e controle, e implantou nas décadas de 1940 e 1950 várias inovações: concursos públicos para contratação, cursos de jornalismo, premiação por desempenho, controle de erros.[5] Redigiu um manual de redação e uma política editorial. Lançou um terceiro jornal, a Folha da Tarde, em 1949, e patrocinou dezenas de campanhas em várias áreas: combate à corrupção e ao crime organizado, defesa de mananciais, melhorias de infra-estrutura, obras urbanas, entre outros.[8]
Em 1950, todas as Folhas passaram a ser impressas num prédio na Alameda Barão de Limeira, no bairro dos Campos Elísios. Em 1953, todas as instalações dos jornais foram transferidas para lá, e lá se encontram até os dias de hoje - o local também abrigaria as instalações dos jornais Agora São Paulo e Notícias Populares;[9]
Apesar da organização empresarial, Nabantino carecia de tino comercial e da flexibilidade necessária para negociar financiamentos e administrar orçamentos. No começo dos anos 1960, a empresa sofria com custos aumentados pelo preço do papel jornal. Os três jornais foram fundidos em um só título, Folha de S.Paulo, em 1960, no início mantendo as três edições. Mas, conforme a situação financeira se deteriorava, as edições vespertinas foram canceladas e o jornal fixou-se como matutino.
As dificuldades foram agravadas em 1961, pela vitória de uma greve de jornalistas que paralisou todos os veículos de São Paulo e obteve melhorias de salário e benefícios trabalhistas, o que ampliou ainda mais os custos do jornal.[5] A empresa foi vendida em 13 de agosto de 1962 aos empresários Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho.
Pluralismo e liderançaEditar
Frias e Caldeira, respectivamente presidente e superintendente da empresa, voltaram-se à tarefa prioritária de recuperar o equilíbrio financeiro do jornal [10] . Para dirigir a Redação, Frias nomeou o cientista José Reis, um dos criadores da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Trouxe para integrar a equipe o responsável pela modernização do rival O Estado de S. Paulo, o jornalista Cláudio Abramo, que viria a suceder a Reis e manter, com Frias, uma produtiva convivência profissional que se prolongou por mais de vinte anos. Em 1964 a Folha de S.Paulo apoiou a derrubada do presidente João Goulart e o estabelecimento de um regime de tutela militar - temporária, conforme se acreditava - sobre o país.
Superada a fase de adversidades econômico-financeiras, a nova gestão passou a se dedicar à modernização industrial e à montagem de uma estrutura de distribuição de exemplares que alicerçou os saltos de circulação que estavam por vir. Foram comprados novos equipamentos e impressoras nos Estados Unidos. Em 1968 a Folha se tornou o primeiro jornal latino-americano a ser impresso no sistema "off-set". Em 1971, outro pioneirismo: os moldes de chumbo passavam à história e o jornal adotava a composição "a frio". O jornal crescia em circulação e melhorava sua participação no mercado publicitário.[8]
No final dos anos 60 Frias chegou a organizar o embrião de uma rede nacional de televisão, congregando à TV Excelsior de São Paulo, líder de audiência cujo controle adquiriu em 1967, mais três emissoras no RJ, MG e RS. Por insistência de Caldeira, porém, os dois sócios abandonaram a empreitada em 1969.
O começo da década de 1970 foi turbulento para a história do jornal. Acusado por organizações da luta armada de emprestar carros para a repressão da ditadura [11] , a Folha passou a ser alvo dos guerrilheiros, que interceptaram e queimaram três camionetes de entrega do jornal, duas em setembro e uma em outubro de 1971 e ameaçaram de morte o dono do jornal.
Em resposta, Octavio Frias assinou na capa do jornal o editorial “Banditismo”, afirmando que não aceitaria a agressão nem as ameaças. Seguiu-se, no jornal do grupo guerrilheiro ALN, um texto em que Frias era classificado como inimigo da organização e do país.
O antagonismo entre o jornal e os grupos de esquerda se aprofundou e culminou com o editorial “Presos Políticos?”, publicado em junho de 1972, no qual se questionava a existência de pessoas presas por causa de suas posições políticas. O editorial era também uma resposta ao concorrente O Estado, que defendera tratamento especial aos presos políticos. Dizia: “É sabido que esses criminosos, que o matutino O Estado de S. Paulo qualifica tendenciosamente de presos políticos, mais não são que assaltantes de bancos, sequestradores, ladrões, incendiários e assassinos, agindo, muitas vezes, com maiores requintes de perversidade que os outros, pobres-diabos, marginais da vida, para os quais o órgão em apreço julga legítimas todas as promiscuidades”.
O episódio provocou também uma crise interna. Na semana seguinte, os editoriais foram suspensos. No mesmo ano, Cláudio Abramo foi afastado da chefia e a Folha só voltaria a adotar uma atitude política mais independente e afirmativa, em vez da "neutralidade" acrítica que se seguiu ao fim dos editoriais, no final de 1973.
Reformas e Projeto FolhaEditar
A Folha começou a ganhar espaço junto às camadas médias que ascenderam com o "milagre econômico", fixando-se como publicação de grande presença entre jovens e mulheres. Ao mesmo tempo, dedicava-se com desenvoltura crescente a áreas do jornalismo até então pouco exploradas, como o noticiário econômico, esportivo, educacional e de serviços. A Folha apoiou a ideia da abertura política e se colocou a serviço da redemocratização, abriu suas páginas para todas as tendências de opinião e incrementou o teor crítico de suas edições.[8]
Frias acreditava firmemente na filosofia editorial de uma publicação isenta e pluralista, capaz de oferecer o mais amplo leque de visões sobre os fatos. Encontrou um colaborador habilitado em Abramo, responsável pela área editorial entre 1965 e 1973, sucedido por Ruy Lopes (1972/73) e Boris Casoy (de 1974 a 1976) e reconduzido a essa função em 1976, onde permaneceu até 1977, quando Casoy, em meio à crise provocada por uma tentativa de golpe militar contra o presidente Ernesto Geisel, foi convidado por Frias a retornar ao cargo.
Abramo reformulou o jornal, fez a primeira (1976) de uma série de reformas gráficas que se sucederiam, reuniu colunistas como Janio de Freitas, Paulo Francis, Tarso de Castro, Glauber Rocha, Flavio Rangel, Alberto Dines, Mino Carta, Osvaldo Peralva, Luiz Alberto Bahia e Fernando Henrique Cardoso.[6] A Folha se transformava num dos principais focos de debate público do país. Ao contrário das expectativas, essa linha editorial foi preservada e desenvolvida durante o período em que Casoy foi editor responsável (1977-1984). Em 1983-84, a Folha foi o baluarte do movimento Diretas-Já, a favor de eleições populares para a Presidência da República, na imprensa.[12] [13]
A direção da redação foi assumida em 1984 por Otavio Frias Filho, que sistematizou e desenvolveu as experiências do jornal no período da abertura política e da campanha Diretas. Documentos divulgados periodicamente traduziram as linhas editoriais do jornal, no que ficou conhecido como Projeto Folha, cuja implantação na Redação foi coordenada por Carlos Eduardo Lins da Silva e Caio Túlio Costa.[14] Define-se pela prática de um jornalismo crítico, apartidário e pluralista. Esses princípios nortearam também o Manual da Redação, lançado em 1984 e atualizado desde então. Mais que um manual de estilo, é um conjunto de normas e compromissos assumidos pelo jornal. Foi o primeiro livro do gênero colocado à disposição do público.
O pressuposto é que o jornalismo deve ser descritivo e preciso, mas que todo tema sujeito a controvérsia admite mais de um ângulo e exige tratamento pluralista. O jornal tornou-se conhecido também pela diversidade de seu elenco de colunistas. Ao mesmo tempo, criaram-se mecanismos de controle interno, como freios e contrapesos: o próprio Manual, a seção diária "Erramos" (1991), a obrigação de publicar contestações enviadas ao jornal e, sobretudo, o posto de ombudsman (1989), profissional dotado de estabilidade temporária e encarregado de criticar a própria Folha e acolher pleitos de leitores e personagens do noticiário.
Desde meados do regime militar, a Folha manteve posição crítica diante de sucessivos governos (Geisel, Figueiredo, Sarney, Collor, Itamar). Otavio Frias Filho foi processado juntamente com outros três jornalistas da Folha pelo então presidente Fernando Collor. Embora apoiasse suas propostas de liberalização econômica da gestão de Fernando Collor de Mello, foi a primeira publicação a recomendar o impeachment do chefe do governo, afinal consumado em 1992. A cobertura dos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) valeu ao jornal acusações de ser pró-oposição durante ambos os períodos presidenciais.
Da revelação da fraude na concorrência para a Ferrovia Norte-Sul (1985) até a do escândalo do mensalão (2005), a Folha tem estado na vanguarda da fiscalização das autoridades e da revelação de desmandos e abusos.
Em 1986 a Folha tornou-se o jornal de maior circulação em todo o país, liderança que mantém desde então. Em 1995, um ano depois de ultrapassar a marca de 1 milhão de exemplares aos domingos[15] , a Folha inaugurou seu novo parque gráfico, considerado o maior e mais atualizado tecnologicamente na América Latina. O recorde de tiragem e de vendas do jornal foi alcançado em 1994, na época do lançamento do Atlas Folha/The New York Times (1.117.802 exemplares no domingo).
Atualmente, a Folha é o centro de uma série de atividades na esfera da indústria das comunicações, abrangendo jornais, banco de dados, instituto de pesquisas de opinião e de mercado, agência de notícias, serviço de informação e entretenimento em tempo real, gráfica de revistas e empresa transportadora.
Em 1991 as ações da Empresa Folha da Manhã S.A. que pertenciam a Carlos Caldeira Filho passaram a Octavio Frias de Oliveira, publisher do jornal até sua morte, em 2007.
Desde 1984 ocuparam a função de editor-executivo da Folha os jornalistas Matinas Suzuki (de 1991 a 1997), Eleonora de Lucena (de 2000 a 2010) e Sérgio Dávila (desde março de 2010).

PioneirismoEditar
Em 1967 a Folha adotou a impressão offset em cores, usada em larga tiragem pela primeira vez no Brasil. Em 1971, o jornal abandonou a composição gráfica a chumbo e se tornou o primeiro a usar o sistema eletrônico de fotocomposição no Brasil. Em 1983, com a instalação dos primeiros terminais de computador, passou a ter a primeira Redação informatizada da América do Sul.
Em 1984 lançou o primeiro de seus manuais da Redação, que viriam a se tornar obras de referência para estudantes e jornalistas. O livro ganhou novas versões em 1987, 1992 e 2001.
Em 1989 foi o primeiro veículo no país a ter um ombudsman, uma espécie de ouvidor encarregado de receber, investigar e encaminhar as queixas dos leitores e de fazer comentários críticos sobre o jornal e outros meios de comunicação. Desde então, nove jornalistas ocuparam o cargo: Caio Túlio Costa, Mario Vitor Santos, Junia Nogueira de Sá, Marcelo Leite, Renata Lo Prete, Bernardo Ajzenberg, Marcelo Beraba, Mário Magalhães e Carlos Eduardo Lins da Silva. Em fevereiro de 2010, Suzana Singer foi indicada para assumir a função a partir de 24 de abril.
Ainda na década de 1980 a Folha também foi pioneira na adoção de infográficos e quadros que explicam, de maneira didática, os detalhes e contexto das principais notícias.
Em 1995 com a inauguração do Centro Tecnológico Gráfico-Folha em Tamboré (Santana de Parnaíba, Grande São Paulo), moderno parque gráfico orçado em 120 milhões de dólares, o jornal passou a circular com a maioria de suas páginas coloridas.
Em julho de 2011 o jornal passou a publicar na internet a Folha Internacional, com notícias do jornal traduzidos para o espanhol e o inglês.[

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